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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Dá-me de beber (X)

DSousa, 05.07.07

                  Dá-me de beber


                            (X)






Ouvinte,

Ao longo dos caminhos que tu trilhas,
levando nos teus ombros as pesadas bilhas
de tantos afazeres e cuidados;
que ás vezes te atormentam em profunda mágoa,
tu sentirás por certo, ânsias de beber água...
Tu não podes, não deves morrer à sede...
pede... pede:

Senhor! Senhor!  dá-me de beber...



Ouvinte,

Sei lá se tu és pai, cansado no trabalho,
Sei lá se tu és mãe, chorando algum desgosto,
Sei lá se tu és filho ou filha sem pensar na vida,
ou criancinha loira e entretida
a brincar com o boneco frágil,

Não tenhas medo:

Vai junto Dele... à beira do seu poço
E diz-lhe o teu segredo...



Coelho de Sousa: Dá-me de beber (IX)

DSousa, 03.07.07


              Dá-me de Beber


                         (IX)







Não julgues ser a graça só dos olhos,
Que ás vezes no olhar estão abrolhos;

Não penses ser a graça só falar.
Falar é muito pouco.
É muito mais amar!

Nem julgues ser a graça encanto de sorriso...

A graça é sol e vida e paraíso...

A graça é Deus em nós...
A sua voz,
O seu amor enchendo a vida...
E nós tendo guarida
dentro Dele. Eternamente.


Coelho de Sousa: Dá-me de beber (VIII)

DSousa, 01.07.07
             


Dá-me de beber


                 (VIII)









Querido ouvinte, voltaste...aqui te espero
e te pergunto agora
responde-me sincero?

Adivinhaste em água de promessa,
a realidade viva que nos mata a sede?
podes pensar... e pensas ... qual será?



É elixir de vida... e vida eterna...
As fontes deste mundo todas secam...

E a água que se guarda na cisterna
também se perde ás vezes...

Mas esta água viva, nunca seca ou passa...
E se a guardares em teu peito,

que sejam mil os teus revezes
Ela é sempre pura e santa: A graça...
A graça!



Coelho de Sousa: Dá-me de beber (VII)

DSousa, 30.06.07

              Dá-me de beber


                      
(VII)









- Senhor... o teu olhar é raio,
a tua fala é brasa,

Quem sois, Senhor?
Ah! Senhor, que eu não tenho marido...

-É verdade... Já este é repetido...
Já cinco vais contando em teu  amor!

- Senhor, ninguém te engana, és um profeta!
adivinhaste...

Diz-me Senhor, a mim, a mim,
Tu vês, além, o Monte Garezim

aonde os nossos pais louvaram Jeová...
Diz-me Senhor, é ali que Ele está...

ou ainda mais além, além,
em Jerusalém?


- Mulher... Acredita,
Já soou a hora,
E hora bendita
Em que a verdade adora
a Deus em toda a parte!

- Tu falas do Messias!
Já sei que ele há-de vir.
E tudo isto
que dizes
nos dirá o Cristo!

- O Cristo sou eu... eu...

- Senhor! Senhor, eu creio, dá-me de beber!





Coelho de Sousa: Dá-me de beber (VI)

DSousa, 28.06.07

       

            Dá-me de beber

                    
                    (VI)







- Senhor, não sei quem sejas,
Não hás-de ser maior que o  nosso pai Jacó.

Tu vens de caminhada, tens em teus pés o pó...
E se tens sede, bebe o que desejas...

E dá-me em paga ao menos uma gota d'água
da tua água viva. E assim a mágoa

de vir aqui ao poço havia de acabar...

Dá-me de beber! Dá-me de beber!



- Sim... mulher,

Não negarei, não recusarei a alguém
a água que me pede quem a quer...

mas vai primeiro a casa,
chama o teu marido e vem...


Coelho de Sousa: Dá-me de beber (V)

DSousa, 26.06.07
        

Dá-me de beber


        (V)





- E como pode ser?

Se aqui
É este só o poço que Jacó fundou...

- Mulher, a água que eu prometo e dou,
Não se tira em balde e nem se enche em cântaro...

Se tu soubesses,
Ao céu farias preces
por só beberes dessa água viva.

A água deste poço não mata a  sede toda...
A que eu darei, porém, há-de matar
a sede eterna...




Coelho de Sousa: Dá-me de beber (IV)

DSousa, 24.06.07

Dá-me de beber

       

        (IV)







- Dá-me  de  beber... Dá-me de beber!


- Tu que és judeu?  Tu? Como pode ser?

Falar-me assim, a mim que sou mulher!

Pedir-me água, a mim Samaritana?

Ignoras, porventura a lei que não se engana?

Não sabes nossas pátrias sempre em guerra aberta?


- Mulher... Se tu soubesses a fonte que desperta...
mananciais de água pura junto a ti,
Serias quem pedia a água de beber!


Coelho de Sousa: Dá-me de beber (III)

DSousa, 22.06.07

Dá-me de beber


      (III)








Vamos... Sai de ti mesmo... E mundo fora
Encontrarás o que procuras...

Vamos embora...
Teu mal eu adivinho...É de securas...

E eu sei aonde existe um poço de água viva
que mata a sede eterna a quem quer que a beba...

Adeus e leva só contigo o encanto destas notas de concerto...
um céu aberto em arcos de violino!

Não tenhas medo.
Aos longes do horizonte,
A música te leva à fonte
E vai-te descobrir um divino segredo.


Adeus... ouvinte amigo...
Eu não vou contigo...Espero aqui por ti...






Coelho de Sousa: Dá-me de beber (II)

DSousa, 20.06.07
 
 

        Dá-me de beber


                 (II)









As notas desta música hão-de ser as pedras
para o teu passar.
E hás-de ter guarida
muito além do mar
e muito além de ti,
na casa do amor que nasce e morre...



Vamos... Deixa o teu amigo
e leva só contigo
as notas do concerto
que ainda estás a ouvir...


E deixa a tua casa,
E deixa tudo o mais que te prendeu
à terra...
Cuidados que te põem em brasa
o coração,
O vinho que bebes e encerra
a perdição,
E se tens fome, o pão do céu
terás,
E se tens sede, a água
que dá a paz
tratando toda a mágoa,
encontrarás...