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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Feliz o homem...

DSousa, 15.11.13

 

 

 

Feliz o homem rico duma ideia certa

acesa sobre o monte e a cidade aberta.

 

 

Se a firme esperança retida

Na cubagem do meu ser

Não me amarrasse esta vida

Como seria o morrer?

 

Pródigo de ir e voltar

esfarrapado: confesso,

no sentir da vida o mar

Contra a rocha e o avesso...

 

E depois de anel no dedo,

Sentado à mesa e refeito,

fica a sombra do degredo

a descansar no meu peito.

 

 

 

Coelho de Sousa: A vida...

DSousa, 17.03.09

 

 


Atenção: Mais páginas de poesia no
padrecoelho.googlepages.com/

 


 

 


 










 

 

 

A vida, gota de infinito a desdobrar-se além.


 Vida, nuvem erguendo as mãos no altar do sonho
cheia de sangue.


A vida , átomo de luz queimando o meu silêncio escuro.


Uma canção, a vida,
canção do meu caminho
com bemequeres de hóstia em promessa.

 

A vida gota de infinito a desdobrar-se além
 

Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (X e último)

DSousa, 14.02.08




DO MAR E DA SAUDADE ( X e último)








Ah! se ao menos eu soubera
A saudade sublimar!
Era o céu em vez do mar
E a vida só Primavera!


Saudade, tanta saudade!
As saudades que eu senti
Da "vida que é para ti"
E será felicidade!


Se para a razão é a verdade,
E para o amor é a queixa
A saudade não me deixa
Nem eu deixo a saudade.


Nesta vida, a saudade
Nunca mais há-de acabar
Como não se acaba  o mar
A não ser na eternidade.

Saudade! Tanta Saudade!
As saudades que eu senti!
Até da "vida é para ti"
Eu já sinto saudade...




Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (VII)

DSousa, 08.02.08




DO MAR E DA SAUDADE (VII)






Nem muito ao mar... nem à terra
Diz o ditado... é verdade:
Mas nisto de saudade
 O ditado não se encerra...


A saudade me atormenta
Como atormenta qualquer.
É um mal  que não se quer
Quando é um bem que se ausenta...


Neste jogo do sim e não
A saudade joga a vida...
Em ficar alma retida
Quando parte o coração.

É chorar de olhos enxutos
Os sonhos mais os desejos.
Morrer no lábios os beijos
Sempre vivos...já sepultos.


Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (V)

DSousa, 04.02.08




DO MAR E DA SAUDADE (V)





Tu já não és o primeiro
A jogar dessa maneira.
Pedra que vem logo volta,
Aumenta sempre a pedreira...


É melhor deixar ficar
a pedrada em nossa alma.
Pedra que vem  e que fica
É alicerce da calma.


Este princípio operou
Em meu seio maravilhas.
São pedradas que ficaram,
Os continentes e ilhas.


Calou-se o mar e ficou
tanta pedrada retida
Junto a mim de dia a dia
que de pedras fez-se a vida.



Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (II)

DSousa, 29.01.08


Atirei pedras ao mar
Sem o mar me fazer mal.
Quanto mais pedras atiro
Mais o mar se fica igual.

Quantas pedras atirei
Todas se foram ao fundo.
Só não lhes posso atirar
Pedras que me atira o mundo...


Neste jogo de pedrada
Cada pedra cai na água.
Umas  caem sobre o mar
Outras nas ondas da mágoa.


Mas o mar é sempre o mesmo
Por mais pedras que a onda leve.
Porém, eu, de tanta pedra
Sinto já a vida breve.

Coelho de Sousa - Ante o Presépio (I)

DSousa, 17.01.08
Nesta entrada de 11 de Novembro do passado ano 2007, em que se listavam os textos constantes do caderno de originais de Coelho de Sousa, datados de 1961 e de 1962, que tenho vindo a utilizar desde então, consta a referência a um programa de rádio com o subtítulo Ante o Presépio.
Por se tratar de um texto muito breve, resolvi publicar sob este subtítulo um outro texto do mesmo caderno, também curto, mas  sem título e de temática enquadrável no anterior.
O texto Ante o Presépio tem a data de 4 de Janeiro de 1962, antevéspera do chamado dia de Reis, que ocorre a 6 de Janeiro.




(I)



Na antevéspera dos Reis,
estes poemas saberão
como despedida ao Natal.

Como pastor ou Rei,
cada um  de nós
sente a divina atracção
do Presépio.

Ouvimos os anjos no Glória...

Olhamos a estrela nos céus

e vamos adorar
o bom Jesus, nosso Deus.




Com a alma enegrecida pela
culpa original
ou quantas mais nos pesem,
abeirememo-nos do presépio,
osculemos o menino,
suplicando o seu perdão de amor.

E teremos paz.

E seremos felizes.

A vida será nossa.

A verdadeira vida
que ele é
e nos traz.


Coelho de Sousa: Natal - A noite e o dia (VI)

DSousa, 11.01.08




(VI)






Distância vertical que percorreste
E o termo o horizonte em que eu estava.
A minha voz distante, atroz e cava.
O sol se comoveu nascido a Leste.

Reverdeceu a pedra feita lava,
A flor desabrochou, áurea, celeste
E perfilhou-se a vida não escrava
Pois é real a vida que me deste.

As linhas se encontraram : foi a Cruz
Amor que se satisfez no consumado
Suficiente a posse. E o mais deduz.


Que suba o horizonte! Hoje comigo.
De todo o corpo a morte e chaga ao lado

Para que lhe seja eterno o céu - abrigo